Os exames estão a chegar. Transcrevemos um artigo publicado, hoje, na página do jornal Público que dá alguns conselhos muito importantes.
Nota: A autora do texto está referida no final do artigo.
12 erros mais comuns
Debitar uma resposta memorizada, em vez de apostar na capacidade de
pensar pela própria cabeça, não é uma boa solução.
Peça-se num exame que os alunos identifiquem com um "v" de
"verdadeiro" as afirmações, entre várias apresentadas numa lista, que
sustentem uma determinada hipótese, e é quase certo que vários identificarão
com um "v" todas as afirmações que consideram verdadeiras -
independentemente de apoiarem ou não a hipótese apresentada. E assim se falha
uma resposta. O exemplo serve para ilustrar um dos erros frequentes dos
estudantes quando fazem exames: não leem a pergunta até ao fim. Ganham minutos,
mas perdem pontos.
A duas semanas de começarem os exames nacionais do básico e do
secundário, pedimos a professores de diferentes áreas que nos ajudassem a fazer
uma lista de erros frequentes. Alguns são fáceis de adivinhar. Outros, mais
surpreendentes. Há quem aconselhe umas boas horas de desporto vigoroso na
véspera da prova.
1. Não estudar com tempo
É bom que cada um encontre a sua própria forma de otimizar o tempo de
estudo e de ser eficaz, nota José Morgado, professor do Instituto Superior de
Psicologia Aplicada. Mas a verdade é que o tempo que os alunos dedicam a
preparar-se para as provas é, muitas vezes, insuficiente.
"Uma parte significativa não se prepara com a antecedência
devida", diz Miguel Barros, vice-presidente da Associação de Professores
de História (APH). Muitos deixam para a véspera das provas o estudo das
matérias obrigatórias, continua Paula Gonçalves, professora de Filosofia e
coordenadora do centro de explicações Às de Saber. "Revelam um estudo
pouco sistemático, mal organizado, sem a elaboração prévia de resumos, os
quais, quando realizados ao longo do ano letivo, simplificam muito a preparação
mais específica e intensiva que antecede os exames", afirma.
O local de estudo também pode fazer a diferença. Miguel Barros nota que
"muitos alunos não estudam em ambientes propícios à concentração - não
desligam a televisão, a Internet ou os telemóveis, por exemplo".
2. Stress a mais
"Quando iniciam o estudo, é frequente entrarem em pânico face à
enormidade da tarefa, o que os leva a situações de stress e, no limite, ao uso
de fármacos que, supostamente, os auxiliarão a concluir com sucesso o que se
pretende", diz o dirigente da APH. Eis outro erro frequente. José Morgado
sublinha a importância de se tentar "lidar de forma serena com a pressão
ou expectativas que, muitas vezes, pais, professores ou os próprios colocam - e
que, para alguns alunos, podem tornar-se parte do problema".
À medida que o exame se aproxima, os nervos aumentam. E, no dia da
prova, ainda pior - sendo que, tendencialmente, os mais pequeninos são mais
sensíveis, explica Fernando Nunes, ex-presidente da Associação de Professores
de Matemática.
O excesso de tensão, diz este professor, é um grande inimigo. Leva os
alunos a cometer erros, sobretudo se no exame se confrontam com algo
"novo", uma pergunta feita de forma diferente daquela que é habitual,
por exemplo. O último relatório disponível do Gabinete de Avaliação
Educacional, sobre os exames, confirma esta ideia: em 2011, nos exames de
Matemática do 9.º e do 12.º ano, por exemplo, os alunos revelaram dificuldades
na interpretação de algumas questões, sobretudo quando estas envolviam
"estratégias não habituais".
3. Ter excesso de confiança
Muitos alunos consideram que não precisam de fazer uma preparação
"mais específica e direcionada" para os exames porque julgam que já
conhecem a matéria, diz Paula Gonçalves. Acham, portanto, que não precisam de
praticar. Mas atenção ao excesso de confiança: "A realização contínua de
exercícios permite fazer um levantamento dos próprios erros procurando superá-los
e, além disso, obriga a analisar os critérios de correção dos exames procurando
responder à questão "em que é que eu não posso falhar?".
4. Ler só resumos
Cada vez mais se nota que os alunos não leem as obras integrais que são
obrigatórias, notam alguns professores. Isto vale, nomeadamente, para quem está
a preparar-se para o exame de Português. Os resumos das obras não chegam!
5. Ir de direta
Ir para o exame com uma noite mal dormida é um erro frequente.
"Metade da nota consegue-se com estudo, a outra metade com os neurónios em
atividade máxima... o que implica uma cabeça fresca!", diz Paula Canha,
professora de Biologia e Geologia. "Aconselho os meus alunos a praticarem
desporto vigoroso no final do dia anterior ao exame, pelo menos oito horas de
sono e uma refeição decente antes do exame. Assim, a concentração e a
capacidade de raciocínio estarão no seu máximo."
6. Não ler as perguntas
Até que chega aquele momento em que o professor distribui o exame.
"Às vezes nem leem o enunciado completo!" O desabafo é de Paula
Canha, mas é partilhado por vários professores. "Dizem que a meio já
achavam que tinham percebido o que era para responder, mas afinal... Exemplo:
uma pergunta de V/F [Verdadeiro/Falso] em que é para indicar as afirmações que
apoiam uma determinada hipótese. Eles partem do princípio que é para assinalar
as frases como verdadeiras ou falsas, ignorando o segundo requisito do
enunciado", continua a professora de Biologia.
Não dedicar o tempo necessário à leitura das perguntas leva a erros de
interpretação, diz também Miguel Barros. Sem compreender bem o que é pedido,
dificilmente se dá a resposta certa, e isto é verdade para todas as
disciplinas, diz Paula Gonçalves.
7. Não planear as respostas
Para além de compreender as perguntas é preciso "preparar e
planear as respostas", diz José Morgado. "A resposta imediata pode
ser desajustada ou "ao lado"." É importante avaliar o que é
mesmo "essencial", referir e o que é "acessório" - sendo
que o acessório também se pode incluir, e até pode ser relevante, em questões
de "desenvolvimento".
8. Debitar o que se decorou
"Muitos alunos desenvolvem na sua cabeça a resposta certa, mas
como não confiam na sua capacidade de raciocínio, preferem procurar na memória
alguma coisa que tenham ouvido na aula ou estudado no manual e que possa
colar-se àquela situação", diz Paula Canha. Miguel Barros dá o exemplo do
que se passa na sua área científica: "Apesar de nos exames de História se
privilegiar a interpretação de fontes, devendo a informação recolhida nessas fontes
ser integrada, de forma crítica, nas respostas, um número significativo de
alunos continua a achar que o que interessa é "decorar a matéria" e
"despejá-la" nas respostas. Isto dá origem a erros de análise - veem
nas questões aquilo que querem ver, dando origem a respostas longas mas que
ficam muito aquém daquilo que se pretende."
9. Não ser assertivo
Ser objetivo e assertivo dá pontos, diz Paula Gonçalves. "Muitos
alunos têm tendência para o excesso de informação numa resposta, tornando-a
pouco assertiva. A objetividade é muito bem cotada num exame."
10. Não gerir o tempo
O exame deve ser visto como um todo, diz Miguel Barros. Mas a maioria
dos alunos não é assim que lida com o enunciado da prova. "Como não olham
para o exame como um todo, mas antes como uma lista de questões, não planeiam
com cuidado o tempo de que vão necessitar. Perdem, frequentemente, demasiado
tempo com questões de nível mais elementar (do tipo refere, enumera...), que
são menos pontuadas, acabando por não ter tempo suficiente para responder a
questões mais complexas, que implicam uma maior reflexão."
Mas isto de gerir o tempo não é coisa fácil. Ficar
"bloqueado" numa resposta que parece supercomplicada também pode
acabar por significar que não se tem tempo para responder a outras
eventualmente mais fáceis, lembra José Morgado.
Fernando Nunes lembra que o "tempo" não é, geralmente, um facto
muito valorizado no processo de ensino-aprendizagem - mais cinco minutos, menos
cinco minutos, o que interessa aos professores na sala de aula é que os jovens
acabem por conseguir resolver o problema. No exame, tudo é diferente. Fica a
sugestão: "Se acham que estão a levar demasiado tempo com uma pergunta que
não estão a conseguir responder, passem para outra, porque elas não têm todas o
mesmo grau de dificuldade."
11. Não rever as respostas
É fundamental voltar a reler as respostas do exame para perceber se
existe coerência no que foi exposto e poder detectar erros e falhas.
12. Não usar as tabelas
Textos, tabelas, gráficos e exemplos não servem para embelezar o exame,
diz Paula Gonçalves. Muitos alunos ignoram o recurso a estes documentos de
apoio que constam de alguns enunciados e que muito podem valorizar uma
resposta.
Sanches, Andreia- Os 12 erros mais comuns. Público online
(em linha), 3/06/2013, disponível em http://www.publico.pt/destaque/jornal/os-12-erros-mais-comuns-que-os-alunos-cometem-26622029,
acedido no dia 3 de junho de 2013.